quarta-feira, 27 de abril de 2022
25 a 29/04 - O conteúdo do artigo de opinião: as questões polêmicas
Um artigo de opinião discute
questões que podem incidir sobre variados temas: sociais, políticos,
científicos e culturais, de interesse geral e atual, que afetam direta ou
indiretamente um grande número de pessoas, a partir de um fato ocorrido e
noticiado.
Todo texto é produzido em um
contexto de produção, pois quem escreve, o faz pensando em certos elementos que
interferem no sentido dos textos: existe uma intenção do autor ao escrever, e
esta intenção está direcionada a quem vai ler o seu texto. O autor também se
atém a um determinado tempo e lugar, a divulgação é feita em determinado
veículo. São elementos que criam um “elo” entre autor e leitor.
O produtor de um artigo de
opinião busca construir para os leitores uma imagem de si mesmo, mostrando seus
conhecimentos sobre o tema tratado, através da razão e da lógica, sustentando
sua posição. Geralmente, quem lê o artigo de opinião é alguém que de alguma
forma se interessa por questões polêmicas, ou porque está sendo afetado pela
questão em si, ou porque se interessa por assuntos que envolvem a sociedade. A
sua leitura é restrita a uma elite sociocultural que tem acesso aos meios de
circulação. A circulação do artigo de opinião ocorre em jornais e revistas
impressos ou on-line, e tem o objetivo de influenciar o posicionamento dos
leitores em relação a uma questão controversa.
Existem várias
possibilidades de organizar a estrutura de um artigo de opinião, porém, de
maneira geral, todos possuem os seguintes elementos. (Não existe uma ordem
específica para esses elementos e nem todos precisam aparecer num mesmo artigo
de opinião).
1. Contextualização e/ou apresentação da
questão que está sendo discutida.
2. Explicitação do posicionamento
assumido.
3. Utilização de argumentos para
sustentar a posição assumida.
4. Consideração de posição contrária e
antecipação de possíveis argumentos
contrários à posição assumida.
5. Utilização de argumentos que refutam
a posição contrária.
6. Retomada da posição assumida.
7. Possibilidades de negociação.
8. Conclusão (ênfase ou retomada da tese
ou posicionamento defendido).
O roubo do direito de ser criança
José Antônio Miguel
Preparar bem as crianças de agora
implica, de maneira lógica, em ter uma sociedade melhor no futuro. É pensar o
porquê atualmente, diante de grandes índices de violência, tantos menores de
idade estão nessas estatísticas. É pensar que essa criança, esperança do
futuro, vê-se numa encruzilhada vital tão cedo: trabalha, pratica crimes ou
morre.
Segundo dados da Organização
Internacional do Trabalho, o Brasil tinha 4,6 milhões de trabalhadores com
idade entre 10 e 17 anos, e 3milhões com idade inferior a 14. Segundo esses
dados, 56,63% nada recebem por seu trabalho. Eis o roubo do direito de ser
criança. Retiram-lhe, de maneira violenta, esse direito tão essencial
comprometendo os fatores biológicos, psicológicos, intelectuais e morais, numa
fase de extrema importância da vida.
Ao invés de carrinhos, bonecas,
brinquedos, uma enxada. Pais, que talvez quisessem educar, precisam ensinar o
trabalho. Note bem a diferença entre educar e ensinar. Falta dinheiro para
comprar comida, roupa, bonecas, carrinhos. Alguns, talvez munidos de sua
educação mais privilegiada, hão de pensar que não configura motivo para a
delinquência o fato de trabalhar desde cedo, afinal o trabalho é dignificante.
O trabalho é digno quando é exercido de
forma digna. Não existe dignidade sem educação de qualidade e, não há dignidade
em crianças de 10 anos trabalhando em meios insalubres, perigosos, em jornadas
diárias superiores a 12 horas. Não há filhos de médicos, advogados, empresários
trabalhando assim. Portanto, se fosse digno, todos desde a infância assim
trabalhariam.
Crianças devem ser crianças. Esse tipo de
trabalho não pode nem deve ser alternativa aos menores de idade porque
marginaliza, tira deles um direito essencial de maneira tão violenta quanto
àqueles que com uma arma roubam dez reais. Por isso, a importância da máxima de
Rui Barbosa: “Aos iguais, tratamento igual; aos desiguais, tratamento desigual”.
JOSÉ ANTÔNIO MIGUEL é estudante de
Direito na Universidade Estadual de Londrina Texto retirado do jornal Folha de
Londrina de 13/10/2007
1 - Qual questão controversa está sendo discutida no artigo?
2 – Qual é a posição do autor do texto ? Cite pelo menos
dois argumentos utilizados pelo autor para defendê-la.
3 – Que dados concretos o autor do texto utiliza para sustentar seus argumentos?
4 – O que diz o autor do texto para refutar as opiniões contrárias às suas?